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Page 06 - Juvenil/Paradidatico -Adaptação de Welington Almeida Pinto do livro AULA-VIVA (História do Brasil),do autor ..........
PEÇA: Os Descobrimentos
ATOS: 1 (+ ou – 35 minutos) Aplicação: em Sala de Aula.
Participantes: 13 alunos
Personagens: . D. João II,
. D. Manuel I,
. Pedro Álvares Cabral,
. 2 Ministros. 2
Conselheiros. 6 Narradores.
Cenário: a própria sala de aula ou, de acordo com a professora.
Narrador I – Por muitos e muitos séculos, somente os países da Europa, do Ocidente Asiático, do Norte da África, da China, da Indochina e da Índia eram explorados. Não havia conhecimento de outras terras, apesar de muitas suposições e até mesmo lendas, despertando o interesse de aventuras em uns, mexendo com a cabeça de outros, principalmente os sábios.
Narrador II – Marco Polo, um viajante veneziano, nos fins do Século XII, foi o primeiro navegante aventureiro que conseguiu, pelo mar, atingir a China, e depois, voltar por Sumatra e Pérsia.
Narrador III– Durante a viagem, Marco Polo prepara o Livro das Maravilhas, onde descreve as terras, os costumes e as riquezas do Oriente.
Narrador IV – Supõe-se que Marco Polo foi o primeiro navegador, em 1271, a utilizar a bússola para orientação em alto mar.
Narrador V - Em 1415, o rei português D. João I, pai do Infante D. Henrique, comanda a primeira frota militarista de Portugal e toma a cidade de Ceuta, no Marrocos - marco inicial de uma aventura expansionista, que, pelos dois séculos seguintes, estende o domínio português pelos sete mares e pelos cinco continentes.
Narrador I – Logo depois da tomada de Ceuta, entusiasmado com a vitória, o Infante D. Henrique funda a Escola de Sagres, um avançado Centro de Estudos de Geografia e Náutica, reunindo cientistas do mundo inteiro, interessados no aperfeiçoamento da arte de navegar.
Narrador II – Nas oficinas da Escola foram aperfeiçoados e produzidos instrumentos como bússolas, astrolábios ( aparelhos necessários para anotações em viagem ) e todo material necessário à navegação, além de novas invenções.
Narrador III – D. Henrique era o cérebro e alma da Escola, preparando navegadores para quebrar as muralhas geográficas, lendas e crendices do Oceano Tenebroso e descobrir novas terras para o domínio de Portugal.
Narrador II – Navegar é preciso, viver não é preciso. Estimulados por esse lema, em 1418, navegadores preparados pela Escola de Sagres, ultrapassam o Cabo Não, nas costas do Marrocos – até então o limite da navegação costeira da África Setentrional. Eram eles João Gonçalves Zago e Tristão Vaz Teixeira, que descobriram a Ilha do Porto Santo, acabando com a lenda de quem navegar para além do Cabo Não, ou voltará ou não.
Narrador III – Vencido o Cabo Não, o Cabo Bojador, no Saara Espanhol, passa a marcar o final da navegação possível. Em 1434, o navegador Gil Eanes vence, na segunda tentativa, o Cabo Bojador. Em 1455, foi descoberta a Ilha de Cabo Verde. E os grandes mistérios da navegação marítima começavam, pouco a pouco, a serem esclarecidos crescer a fama e a riqueza do Reino Português. Lisboa conquista o título de centro do expansionismo europeu no Século XVI.
Narrador IV – Mais tarde, os Turcos tomam Constantinopla e impede aos portugueses a utilização da passagem pelo Estreito de Bósforo, que ligava o mar Negro ao mar de Mármara. Os turcos aumentaram os preços das especiarias, ameaçando o comércio entre o Oriente e o Ocidente. A invasão da Constantinopla foi um fator decisivo na busca de novas rotas para a Ásia. Portugal não se intimida e investe em descobrir um novo caminho marítimo para a Índia.
Narrador V - Bartomoleu Dias sai em busca deste caminho e chega ao Cabo da Boa Esperança, nos limites do continente africano. Vasco da Gama dobra o Cabo da Boa Esperança e completa outro caminho marítimo para as Índias, descobrindo o novo itinerário das especiarias. Cabral, em seguida, descobre o Brasil. Mais tarde, chegaram os portugueses ao Japão e à China.
Narrador I - Tão valiosas e grandes as conquistas dos navegantes lusitanos, que Luís Vaz de Camões, muito bem as imortaliza, através de uma odisséia até hoje consagrada como uma das mais valiosas obras da Literatura Universal, Os Lusíadas.
Narrador II – Enquanto, em Portugal, pensava atingir as Índias pelas costas africanas, na Itália, o genovês Cristóvão Colombo, adepto do pensamento de que a Terra era mesmo redonda, divulgava suas pretensões de navegar do Ocidente para o Oriente, para atingir a Índia.
Narrador III – Como era um marinheiro de pouca experiência, a Itália negou apoio às suas idéias. Inconformado, Colombo recorreu ao governo português. Outra vez, não teve êxito. Mas na Espanha, convence os reis católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, a financiar seu projeto.
Colombo – Majestade, pelos meus cálculos, está a China, pelo lado do Atlântico, mais perto da Espanha do que pelo lado do Oriente.
Narrador IV - Dia 3 de agosto de 1492, com as caravelas Pinta e Nina e a nau Santa Maria, tripuladas por noventa marujos, entre eles, o comandante Martin Pizón, o navegador Cristóvão Colombo parte da cidade de Palos, no Sul da Espanha, a caminho de uma arriscada aventura, obcecado pela idéia de descobrir uma rota nova para as Índias.
Narrador V – A incerteza do destino, as más condições a bordo e a escassez de alimentos tornam a viagem tumultuada, sempre ameaçada de motins pela tripulação. Depois de 73 dias cruzando o Atlântico, na madrugada de 12 de outubro de 1492, para alívio geral da tripulação, a frota de Colombo aporta-se numa ilha, que recebe nome de San Salvador.
Narrador VI – Nesse mesmo dia, foram encontradas as ilhas Lucares e Guanaani. Navegando para o Sul, Colombo descobre Cuba e Haiti, ilhas batizadas de Hispaniolas, todas habitadas por nativos. Certo de que teria chegado a Índia, o Capitão chama de índios as criaturas que encontrou nas praias das ilhas descobertas.
Narrador I – Regressando a Espanha, Colombo foi aclamado como o descobridor do novo caminho marítimo para as Índias. Mais tarde, ainda convencido de que encontrou nova rota para a Índia, volta ao Novo Mundo e descobre as ilhas Antilhas, Honduras e Panamá, certo de que estava no Continente Asiático.
Narrador II – Quem não gostou das aventuras de Colombo foi D. João II, o rei de Portugal. Ao receber a notícia fica inquieto e apreensivo, imaginando ter perdido a disputa para a Espanha. Logo convoca o Conselho de Ministros para uma Assembléia Geral Extraordinária, em regime de urgência, urgentíssima, com o objetivo de analisar os fatos.
D. João II – Ora vejam que desaforo, um genovesinho de nada, metido a descobridor de terras! Arra!... Não é que ele anda bradando por aí que descobriu novo caminho marítimo para as Índias! Impossível! Ele deve mesmo ter aportado em algumas ilhas perdidas no Mar Tenebroso. Qual é mesmo o nome dele?
Conselheiro I – Colombo. Cristóvão Colombo. Majestade, isso é conversa fiada. Deve ter achado mesmo foi alguma ilhotinha, lá do outro lado do Mundo, e anda contando vantagens que descobriu novo caminho para as Índias! Ora, que estupidez! Não devemos acreditar nessas asneiras. Mas bem que podemos apressar os estudos de nosso projeto de chegar à Ásia descendo pelas costas da África.
D. João II – Mas quem é ele, quem é esse desaforado?
Conselheiro II – Da figura, Vossa Majestade pode até se lembrar. Um tipo esquisitão, até meio zarolho, voz de taquara rachada e metido a entendedor de geografia. Ele bem que esteve pedindo o auxílio da Corte. Mas foi recusado.
D. João II – Ah!... Colombo, Cristóvão Colombo! Sim, lembro-me bem da figura. Um tipo de pouco crédito. Arra!... A verdade é que nem me dei ao luxo de preocupar com suas propostas. Até então, absurdas.
Os dois Conselheiros – É ele mesmo, Majestade.
D. João II – Santíssima! Quem poderia acreditar em um homenzinho que chegou dizendo que a Terra é esférica! E mais louco ainda dizendo que chegaria às Índias, navegando do Ocidente para o Oriente. Arra!...
Ministro II – Se não atingiu as Índias, ele pode ter descoberto um novo mundo. Majestade! Provavelmente, terras cheias de riquezas!
D. João II - Mentira! O miserável não passa de um visionário! O povo fantasia muito – quem conta um conto, aumenta um ponto.
Ministro II – Um DESCOBRIDOR, Majestade! Agora, tudo que ele descobriu pertence ao Governo Espanhol.
D. João II – (irritado) – Jesuis!... Será que cometi um erro em não acreditar no italianinho! Mas... ( pequena pausa, pensando). - Isso não ficará assim. Portugal exigirá um legado nas descobertas desse Colombo. Afinal, os estudos preliminares sobre o Mar Tenebroso saíram da nossa Escola de Sagres. Por direito, se ele descobriu outras terras, Portugal terá seu quinhão. É um direito. Nossos investimentos! Arra!... Vou querer parte nisso, mesmo que tenhamos que lutar contra a Espanha. Posso enviar uma frota às terras descobertas por Colombo!...
Ministro I – Mais sangue, meu Rei!
Ministro II – Podemos propor à Espanha um tratado, dividindo em partes o além-mar. Se o Santo Papa aprovar, é melhor que correr sangue.
D. João II – Ora, que maçada! Se preciso for, em nome de Portugal, o sangue correrá. Não posso admitir tais descobertas só aos espanhóis. Um tratado!... Gosto da idéia. Marquem uma reunião com o Conselho, discutiremos o assunto.
Narrador I – O Conselho de Ministros aprovou imediatamente a idéia. Levada a proposta aos reis espanhóis, estes propuseram discutir um acordo sobre as terras a descobrir. A conferência foi iniciada em Tordesilhas. Entre os defensores dos interesses de Portugal, estava Duarte Pacheco Pereira, especialista em geografia e cosmografia, que reivindicava para seu país as terras situadas até 370 léguas de Cabo Verde.
Narrador III – Depois de tensas reuniões, discursos inflamados de um lado e de outro, a Espanha, inicialmente, aceitava que terras encontradas até os limites de 50 léguas além das ilhas de Cabo Verde, poderiam pertencer a Portugal, mesmo que descobertas por uma frota espanhola.
Narrador IV – D. João II recusou as 50 léguas, impondo novas discussões em torno do assunto. Por fim, novo acordo fechado: toda terra encontrada dentro de 370 léguas para o poente da ponta mais ocidental da Ilha de Santão, do Arquipélago de Cabo Verde, pertenceria a Portugal.
Narrador V – Com o Tratado de Tordesilhas fechado, a Portugal restaria a obrigação de tomar conhecimento de novas terras existentes dentro das 370 léguas de Cabo Verde. Este legado, que abrangia boa parte do território atual do Brasil, ainda desconhecido dos europeus, veio a ser de Portugal, não em razão do chamado direito de conquista, ou do descobrimento, mas sim em virtude de um tratado solene, feito com a nação que descobrira as Índias Ocidentais, e sancionado pelo Sumo Pontífice.
Narrador II – Mas D. João II morre em 1495. Dom Manuel I, o Venturoso, assume o poder e, convencido de que Colombo chegou ao Continente Americano, passa a investir mais ainda na descoberta do caminho marítimo para as Índias, circunavegando a costa africana. Quando Bartolomeu Dias atingiu o Cabo das Tormentas, D. Manuel ficou radiante.
( rei entra em cena)
D. Manuel - Louvado seja Deus! Santo homem, o Bartolomeu! Conselheiros!... Ministros!... com o descobrimento do Cabo das Tormentas, creio que metade do caminho para as Índias está em nosso poder. Agora é só cruzá-lo e alcançar a Ásia.
Conselheiro I – Cabo das Tormentas! Jesuis! Onde fica esse cabo com nome tão arrepiante?
D. Manuel – Pois não sabe? Fica no extremo sul da África. O nome pode não ser lá tão pomposo, mas o Bartolomeu me explicou que foi em meio a uma forte tempestade que descobriu o cabo, daí veio o nome. Não foi um ato de heroísmo de nosso Capitão?!
Conselheiro II – O nome não importa, o importante é que a descoberta de Bartolomeu Dias, poderá resolver nossos problemas. Bem, se já alcançamos o extremo sul da África, chegar a Índia agora é só uma questão de tempo. Sugiro que a Corte prepare nova expedição para dobrar o Cabo. O que acha, Majestade?
D. Manuel – Evidente. Porei no mar uma expedição bem mais aparelhada, dirigida por outro comandante de peso. ( Pausa, refletindo )Tenho cá um nome, o melhor em Portugal para tal missão.
Os dois Conselheiros – Podemos saber ou ainda é um segredo de Estado?
D. Manuel – E lá tenho segredos? Ora! Penso convocar para a missão o Comandante Vasco da Gama.
Conselheiro I – Trata-se de um moço de boas qualidades, experiente na arte de navegação, tem um currículo invejável.
D. Manuel – Pois muito bem. Será ele o Comandante.
Os dois Conselheiros – Apoiado!!!
Conselheiro I – E o nome do Cabo continua das Tormentas, Majestade?
D. Manuel – Bem que a gente poderia mudar para Cabo da Boa Esperança.
Conselheiro I – Fica bem melhor. Assim deixamos as tormentas de lado e vamos levar a bandeira portuguesa além da Boa Esperança.
Narrador I – Em 1498, Vasco da Gama, seguindo a rota de Bartolomeu, cruza o Cabo da Boa Esperança, passa pela cidade de Ceuta e aporta-se em Calicute, na Índia, uma das regiões mais ricas e cobiçadas que se conhecia no Mundo.
Narrador II - Vasco da Gama realiza a primeira viagem marítima européia de ida e volta para as Índias, passando pela costa africana; restabelecendo de vez a integração sócio-econômica entre europeus e asiáticos.
Narrador III – Foi uma viagem difícil, em que se perdeu mais da metade da tripulação e teve um navio naufragado. Dos cento e sessenta homens que partiram, apenas cinqüenta e cinco retornaram à terra natal. Mesmo assim, a viagem foi considerada de grande êxito. Pouco tempo depois, D. Manuel organiza uma grande armada militar a fim de ir instalar dependências portuguesas na Índia, para garantir o comércio entre Portugal e aquela rica região da Ásia.
Narrador VI – Para chefiar a expedição D. Manuel convida o Alcaide-Mor de Azurara Pedro Álvares Cabral. Um fidalgo, que apesar de nunca ter viajado por mar, seria o homem ideal para desempenhar um bom trabalho militar e diplomático. Afinal, a poderosa esquadra tinha uma missão importante: prender a Portugal os samorins e rajás indianos pelos laços do comércio e da aliança.
Narrador VI – A portentosa armada de Cabral, em cujas velas dos navios realçava o abissal símbolo da cruz da Ordem de Cristo, além de ir para as Índias assumir de vez o domínio português naquele território, tinha outra missão: afastar das costas africanas e verificar se havia terras nas 370 léguas além de Cabo Verde.
( Entra Cabral em cena )
Cabral – ( voz de discurso) Sua Majestade, D. Manuel I!... Ministros!... Povo lusitano!... Amparado pela força divina, hei de trazer mais glórias ao Reino Português. Hei de estender nossas fronteiras ao limite máximo de nosso poderoso império. Tenham confiança e fé em nossa frota.
D. Manuel I – Presumo que encontrará boas novas no Ocidente. Saiba como evitar as calmarias da costa africana e tudo se dará muito bem.
Cabral – Majestade, com ajuda de Deus, conduzirei minha tripulação a caminho do sucesso. De Cabo Verde mandarei mensageiro.
D. Manuel I – Bem vejo que é um comandante idealista, cujo sangue português corre com bravura nas suas veias.
Cabral – Comandar uma esquadra como essa é uma honra, Majestade. Tomarei todos os cuidados para o sucesso de nossa missão.
D. Manuel I – Contratei o melhor escrevente do reino para registrar os acontecimentos. Informe tudo que puder a Pero Vaz de Caminha.
Cabral – Majestade, a presença de Caminha na expedição é a certeza de que nossa viagem passará à História como um acontecimento marcante para Portugal e para a Europa.
D. Manuel I – Também segue com você o Frei Henrique de Coimbra, respeitado religioso que, se preciso for, rezará missa no solo que por ventura terá a sorte de achar, além de Cabo Verde. Para ajudar o comandante na parte náutica embarca Bartolomeu Dias, Nicolau Coelho, o Mestre João – todos capitães da frota de Vasco da Gama. De mar, têm grande experiência. Leve consigo essa imagem de Nossa Senhora da Esperança.
Todos – Amém. E que Deus seja louvado.
Narrador V - Pedro Álvares Cabral era um jovem com apenas 32 anos. Reuniu em torno de si os melhores e mais experientes tripulantes e um pelotão de mais de mil e duzentos homens de armas, muito bem treinados, para garantir o sucesso da jornada.
Narrador I - Até um menino de onze anos de idade estava a bordo, era Toninho, filho de Aires Correia, feitor geral da esquadra.
Narrador II - A esquadra era composta de tanta gente importante que o rei e a população de Lisboa, naquele domingo ensolarado de 9 de março, após a missa de despedida na Capela de Restelo, onde Cabral recebeu, das mãos de Dom Manuel I, a bandeira da Ordem de Cristo, fizeram questão de ir ao porto para assistir a partida e torcer pelo sucesso de Pedro Álvares Cabral.
Narrador II - Foi realmente muito animado o dia da partida de Cabral. Salvas de canhão deram cunho oficial ao espetáculo, logo de manhãzinha. Pela cidade ouviam-se sons por todos os lados; sinos das igrejas repicavam demoradamente e bandas de música tocavam alegres retretas para multidão dançar e cantar. Os mais entusiasmados soltavam foguetes, tocavam gaitas, guitarras, trombetas, enchendo Lisboa de música e de alegria.
Narrador III - Ruas beirantes do porto ficaram apinhadas de gente. Pessoas encarrapitadas nas árvores, nas janelas, e até nos telhados, procurando um bom lugar para melhor avistar os navios da frota de Cabral. Nunca a Cidade de Lisboa assistira tanta bandeira flamulando, tanta festa, tantos ramos, tanta flor de canela, saudando a partida de uma frota.
Narrador IV - Sem contar que na véspera, um grupo de pessoas, tendo à frente Pedro Álvares Cabral, formou um préstito para, ao som de trombetas, marchar até o Palácio de Alçacova e prestar uma homenagem ao rei e a rainha.
Narrador V – Uma testemunha do domingo memorável da despedida de Cabral, registrou o que viu: E muitos batéis rodeavam as naus e ferviam todos com suas librés de cores diversas, que não pareciam mar, mas um campo de flores, e o que mais elevava o espírito eram as trombetas, atabaques, tambores e gaitas.
Narrador I – Em Cabo Verde, a esquadra permaneceu dois dias à espera da nau de Vasco de Atayde, que retardou devido a calmarias.
Narrador II - Em pouco mais de 40 dias, atravessando o Atlântico, a tripulação colhia, boiando nas águas, ramos de Botelhos e de Rabos-d’Asno. E no céu muito azul e limpo, aves como Fura-Buchos voavam aos bandos em cima das embarcações. Era o sinal de terras próximas, era o Brasil sendo descoberto.
Narrador III - Ao cair da tarde da quarta-feira do dia 22 de abril de 1500, a esquadra de Cabral avista, pela primeira vez, a longa linha de terra da costa brasileira, pedaço por pedaço, que se estendia azulada e longínqua, de onde despontava uma serra; logo batizada de Monte Pascoal.
Narrador IV – Era Pindorama, terra dos Tupis. Dos Papagaios, terra do Pau-Brasil. Cabral, feliz com a descoberta, decide que todos os navios lançassem âncora ali mesmo, a aproximadamente seis léguas da praia.
Narrador V - A tardinha foi generosa com os portugueses; ofereceu-lhes um belo e mágico espetáculo crepuscular. Pelas seis horas, o céu azul já se desbotava; e, na linha do horizonte, no lugar do azul, manchas largas de cor laranja inundavam a linha do poente, como se fossem fortes pinceladas, feitas por um pintor mestre em combinar tons sobre tons. Era o exuberante pôr-do-sol brasileiro, enchendo os olhos dos marinheiros de Portugal.
Narrador VI – Pouco depois, veio a noite, cravejada de estrelas, inspirando a festa que continuou animada nos navios. Os marinheiros mais assanhados ficaram até a madrugada cantando, tocando algum instrumento ou dançando.
Narrador I – No alvorecer do dia seguinte, em cortejo, os navios avançam um pouco mais rumo à costa e lançam âncoras em frente à foz de um pequeno rio, o rio Caí, ao sul do Monte Pascoal. Dos navios, a tripulação avistava homens que andavam pela praia. Cabral ordena ao veterano Nicolau Coelho e alguns companheiros, desembarcar e estabelecer o primeiro contato com os nativos.
Narrador II – Mas Cabral, somente na quarta-feira, 30 de abril, desembarca. Aparece vestido de gala; um fardamento azul, com debruns dourados, capacete com penachos azul claro e amarelo, espadachim na cintura e botas longas de couro cru. Recebido pelos índios com festa, que cantaram e dançaram em sua homenagem.
Narrador III - Pedro Álvares Cabral fica impressionado com o tamanho das árvores que via, tão grandes que pareciam querer alcançar o céu com seus galhos ricamente fartos de folhas. E mais interessado fica, eufórico até, ao ver com destaque nas matas brasileiras, a imensa quantidade de Pau-Brasil.
Narrador IV - Os índios jovens cercavam o Comandante por todos os lados, deslumbrados com sua vestimenta. Índias cheias de curiosidade, indo e vindo, carregavam seus filhos escanchados nos quadris; riam de tudo, com pureza. Os velhos, ainda ressabiados com a novidade, permaneciam meio afastados, observando o burburinho. E os meninos índios, que eram muitos, alegres com a movimentação e já bem entrosados com os brancos, promoviam macaquices pelo terreiro, tentando chamar a atenção dos adultos.
Narrador V - Cabral gostou de ver o bom entrosamento entre nativos e a sua tripulação. Logo encontrou um jeito de retribuir a recepção calorosa daquela gente selvagem, mandando chamar um marinheiro de nome João Esperto, que antes fora bobo da corte, para fazer uma apresentação e divertir os nativos. O moço atende o pedido com satisfação; logo abriu uma roda no meio do pátio e começa as brincadeiras.
Narrador VI - Era um rapagão de olhar vivo, esperto e muito ágil, tão espirituoso que rapidamente conquistou a atenção dos silvícolas e até dos marinheiros. Ele saltava de frente, saltava de costas, dava voltas no ar, botava as mãos no chão e corria de perna para cima. Dava cambotas. saltos mortais, piruetas. Era mesmo muito engraçado.
Narrador I - Depois de tanta estripulia ainda teve fôlego para pegar uma viola, tocar músicas alegres e dançar. Os índios gostaram. Cada um mais contagiado do que o outro, bailava a seu modo, ou arremedava os gestos dos brancos.
( Cabral entra em cena )
Cabral - Santos Anjos!... Nesta colônia, dinheiro dá em árvores, ou melhor, no sulco bendito e afortunado dos seus troncos. Minha Santa Majestade, o Rei Dom Manuel I, precisará saber o mais rápido possível de tamanha e rica notícia, do Pau-Brasil que engordará, em muito mais, os cofres portugueses.
Narrador II - Cabral fica emocionado, deslumbrado até, com a Natureza que via na nova terra. Logo pede ao Frei que improvisasse a primeira missa no local.
Narrador III – A segunda missa deu-se a primeiro de maio, ao pé de uma cruz especialmente armada para a ocasião; adornada com as armas de Portugal. Frei Henrique celebrou, abençoando a nova terra, como também os portugueses e índios presentes.
Narrador IV – Gaspar de Lemos retorna a Portugal com a boa notícia para D. Manuel I, levando entre outras coisas, a carta de Pero Vaz de Caminha e muitas toras de Pau-Brasil, para mostrar aos portugueses uma nova riqueza para a Nação.
( Pero Vaz entra em cena – sotaque português )
Pero Vaz – A terra em si é de muitos bons ares, assim frios e temperados... Águas são muitas, infindas. E em tal maneira graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. ( tosse ) – Dos nativos, majestade, a feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam nenhuma coisa cobir nem mostrar suas vergonhas.
Narrador V - Dez dias depois, Cabral deixa o Brasil e parte para as Índias. Ao chegar em Calicute, a frota foi recebida a ferro e fogo por um grupo de nativos revoltosos com a invasão. A armada revidou o ataque, bombardeando a cidade até o controle total da situação.
Narrador VI - Dominados, os asiáticos assinam um Tratado de Paz, assegurando a Portugal o estabelecimento de uma Feitoria no território e a permissão para cinco frades franciscanos pregar o evangelho cristão, como determinara Dom Manuel I.
Narrador I – Em 1501, chega ao Brasil a expedição de Gaspar de Lemos para reconhecer acidentes geográficos e colher mais informações sobre a nova Colônia Portuguesa.
Narrador II – Entre os navegantes estava Américo Vespucci, que percorreu a costa brasileira, do Rio Grande do Norte ao Cabo de Santa Maria, no Uruguai, denominando portos, ilhas e rios encontrados com nomes de Santos e das festas religiosas do dia.
Narrador III - O primeiro foi o Cabo de São Roque e depois o de Santo Agostinho. Mais adiante os rios São Miguel e São Francisco, a Baía de Todos os Santos, o Cabo de São Tomé, o Rio de Janeiro, a Baía de Angra dos Reis, a Ilha de São Sebastião e o Porto de São Vicente.
Narrador I - Em 1501, pela primeira vez, o nome Brasil aparece no mapa de Cantino, que chama de rio Brasil, o que fica próximo de Porto Seguro.
Narrador II – Em Portugal, o Rei, continuava mais interessado nas riquezas da Índia; resolve então arrendar o Brasil a Fernão de Noronha, que explorou o território de 1503 a 1513, levando para a Europa grande quantidade de Pau-Brasil.
Narrador III - A madeira de tinta atrai os contrabandistas, interessados em levar a madeira para vender na Europa.
Narrador IV - D. Manuel I, alertado pela situação, resolve mandar, em 1516, ao Brasil a primeira expedição guarda-costa, comandada por Cristóvão Jaques.
Narrador V - Em 1526, Cristóvão Jaques volta ao Brasil e combate contrabandistas franceses na Bahia e Pernambuco, expulsando-os para alto mar. Funda a Feitoria de Itamaracá.
Narrador VI – Até 1531, a expedição de guarda-costa mais importante foi a de Martim Afonso de Souza. Parte de Lisboa no dia 3 de dezembro de 1530, lançando ao mar cinco caravelas de três mastros e 400 homens bem armados, com a missão de firmar definitivamente o domínio português no Brasil
Narrador III - E impedir a incursão dos contrabandistas no litoral, através de um eficaz policiamento das costas. E também, dar início à colonização.
Narrador IV - Mal desembarcara no Porto de Piaçagüera, na altura do litoral pernambucano, em fins de janeiro de 1531, a armada de Martim Afonso de Souza aprisionou e expulsou vários navios franceses que pirateavam Pau-Brasil.
Narrador V - Em março de 1531, a comitiva deixou Pernambuco e aportou na Bahia de Todos os Santos, onde encontrou o português Diogo Álvares, o Caramuru, que apresentou a Martim Afonso um relatório detalhado das riquezas da região, principalmente sobre a presumida quantidade de Pau-Brasil.
Narrador VI - Martim Afonso, da Bahia, passou pela Guanabara e chegou às praias paulistas, onde fundou duas vilas, a de São Vicente e a de Piratininga, em 1532. Depois de enviar uma turma de homens para explorar o interior do País, ordena seu irmão, Pero Lopes de Souza, a navegar até o Rio da Prata e por lá marcasse o domínio do Reino de Portugal.
FIM
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